De todas as atribuições do professor uma é absolutamente consensual e realizada de maneira instintiva: o planejamento do ano letivo.
Não me refiro às discussões encaminhadas pela equipe gestora, ou a um documento comprobatório das preocupações do docente com o ano que se inicia. Mas falo do planejamento cotidiano que o professor faz em suas constantes reflexões sobre suas expectativas e a realidade de suas condições de trabalho e dos desafios presentes em cada um de seus alunos.
Lembro-me de uma das inúmeras máximas do amigo Prof, Walter, em nossas conversas de Ulysses Guimarães: “fazer um banquete especial é coisa fácil para qualquer um, o difícil mesmo e o planejamento das refeições cotidianas, se há ou não mistura, se há gás, se chegou visita ou se vai dar tempo de concluir o almoço”.
Não há como existir Educação séria e comprometida sem o mínimo de planejamento. Do contrário, adotamos a prática do bombeirismo pedagógico. E incluo nesse risco a Secretaria de Educação e o Sistema Municipal como um todo.
Esse talvez seja o maior desafio para a Equipe da nova equipe da Seduc para a gestão do Conselho que toma posse: fazer da Educação Municipal de Cubatão uma concretização do que a ela foi planejado.
Ações isoladas, ainda que por vezes necessárias, não resolvem a questão. Alteração regimental, adoção ou não de ciclos de formação, conceitos ao invés de nota, média aritmética ou nota síntese e tantos outros recursos apenas possuem sentido em uma ampla e profunda reflexão que dê conta de indicar quais os fundamentos com que esperamos colaborar para a formação de nossa sociedade.
Se perdermos a oportunidade de levantar esse debate seremos coniventes com a instituição de uma Escola que apenas é capaz de burocratizar as relações e se destina a cumprir um papel meramente administrativo.
E correremos o risco de avalizarmos todas as injustiças sociais que transbordam em nosso país e estão presentes em uma Cubatão longínqua do centro comercial, dos restaurantes que frequentamos, do Paço, e até mesmo da Escola onde trabalhamos.
Portanto, muito mais que desejar aos professores e alunos um bom retorno, ou registrar meus votos de sucesso à nova administração quero que este Conselho seja portador de um convite para que todos nós, muito além das divergências metodológicas que possam nos separar e fiéis aos sonhos de sociedade que nos unem possamos começar a discutir nossas diretrizes e nossa concepção, enfim, nosso Plano compartilhado, capaz de encurtar a distância entre a Cubatão da Prefeitura e a Cubatão do aluno.
E que sejam dias constantes de banquetes especiais possíveis cotidianamente.
Prof. Fabio Gonçalves Ferreira
Presidente do Conselho Municipal de Educação
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